Fiel da Balança 2020

Logicamente que a abstração total da individualidade também não é desejável, mas os objetivos de cada um devem ser conciliados com o altruísmo que o curso de Direito exige. Que sentido faz, no juramento da Ordem dos Advogados, comprometermo-nos a “Defender o Estado de Direito e os direitos, liberdades e garantidas dos cidadãos e colaborar na administração da justiça”, quando fomos educados a olhar para o nosso próprio umbigo – ou a nossa própria conta bancária? Todos estamos de acordo quanto à importância do jurista, do advogado, do juiz na sociedade – têm um papel preponderante na aplicação, interpretação, proteção e reforma das leis. Mas que sentido faz dar esta responsabilidade a estudantes – nos quais eu me incluo – que não foram ensinados a pensar sobre as mesmas? Ensine-se o desprendimento no Direito. Ensine-se que não é motivo de prestígio receber milhares de euros por sermos peritos em aldrabar o sistema jurídico, por sabermos fazer “ networking ” em determinados meios ou por servir interesses que fragilizam o Estado de Direito. Deve ser motivo de orgulho reconduzir o conhecimento que nos foi dado nesta Faculdade ao longo de 4 anos para sermos úteis para a sociedade, na medida do possível. Não se exige que sejamos todos Santos – apenas que carreguemos sempre nos ombros o peso de estarmos numa posição fundamental para garantir uma sociedade justa.

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