Fiel da Balança 2020

De acordo com David M. Eagleman, há três mortes. A primeira é quando o corpo deixa de funcionar, a segunda quando esse mesmo corpo é resignado à sepultura. A terceira, por sua vez, é aquele momento, algures no futuro, quando o nosso nome é dito pela última vez. Qual será a sílaba que ditará o fim da existência humana? Um pouco por todo o lado, o burburinho cresce. As alterações climáticas afirmam-se, cada vez mais, como a maior ameaça à sobrevivência da nossa espécie, e, lentamente, esta temática invadiu em força o debate popular, as redes sociais e meios de comunicação, a agenda política e social. Tanto parece ser o alarido acerca da crise ambiental e da tragédia iminente que paira sobre a vida como a conhecemos que este foco e preocupação quase parecem recentes, o ambientalismo uma nova moda. Porém, o aquecimento global certamente não começou com a notoriedade de Greta Thunberg e estes conceitos em nada nos são novos. As alterações climáticas estão diretamente ligadas ao Efeito de Estufa, que é um processo natural que permite que o Planeta Terra, pelo menos por enquanto, tenha a temperatura ideal para ser habitável pelos seres humanos. Por sua vez, os Gases de Efeito de Estufa (G.E.E), tais como o dióxido de carbono, o metano, o dióxido de enxofre, ou outros que existem em menor dimensão, estão naturalmente presentes na atmosfera porque advêm de fenómenos naturais, como a erupção de vulcões. Estes gases não só estão diretamente ligados ao aquecimento global como são a sua principal origem: quanto maiores as emissões de gases de efeito de estufa na atmosfera, maior a temperatura média global e mais extremas são as mudanças a nível climático. Cabe, assim, referir que estas mudanças no clima e o aquecimento do planeta são habituais e que não é a primeira vez que o clima se altera. Desde que há registos, o nosso planeta viu acontecer cinco extinções em massa, e, no mínimo, quatro delas aconteceram devido às alterações climáticas. A mais notória ocorreu há cerca de 250 milhões de anos, quando se deu um aumento de 5ºC na temperatura, despoletado pelo aumento da presença de dióxido de carbono na atmosfera, o que, consequentemente, acelerou a libertação de metano. Este incremento a nível de temperatura média global resultou no dizimar de aproximadamente 96% de toda a vida na Terra, subsistindo apenas um resquício. Para além disso, ainda que se baseiem também em fenómenos naturais, inerentes ao nosso planeta e à sua atmosfera, a velocidade e intensidade do aquecimento a que estamos hoje expostos são inéditas à História. Cientistas acreditam estarmos, hoje, cada vez mais perto de testemunhar, em primeira mão, a sexta extinção em massa: a nossa.

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