Fiel da Balança 2020

O Painel Internacional para as Alterações Climáticas (IPCC), o órgão de referência para o estado das mudanças climáticas e ambientais, indica, no seu mais recente relatório, que a temperatura da Terra subiu mais de 1ºC porque as emissões de gases de efeito de estufa aumentaram mais de 40% desde o Período Pré-Industrial. A previsão é para que aumente entre 1ºC e 6ºC até 2100. Neste contexto, o Acordo de Paris surge com a imposição de uma barreira de segurança: visa que não se ultrapasse um aumento de 2ºC na atmosfera até 2100 e que sejam aplicados todos os esforços para que esse mesmo aumento não ultrapasse os 1,5ºC. Esta é a nossa melhor opção, e indica que não podemos subir as emissões de gases de efeito de estufa mais do que 0,5ºC se queremos evitar um total colapso climático. Para que este objetivo se concretize, é imperativo reduzir as emissões globais de gases de efeito de estufa até 2030 em 50%. Todavia, a maior parte dos países estão em incumprimento com as metas estabelecidas e este acordo vinculativo aparenta ser meramente indicativo. Graças a isso, o relatório do IPCC aponta para um aumento de 4ºC na temperatura média global no mesmo prazo, caso continuemos ao mesmo ritmo, o que terá consequências catastróficas para a vida como a conhecemos. Em adição, este relatório demonstra que os principais processos que atualmente estão no cerne destas emissões de gases e, concludentemente, agravam o aquecimento global, têm a sua origem na atividade humana. Porém, esta correlação direta entre a ação humana e o aquecimento global também não é novidade. Há muitos anos que ouvimos falar desta problemática e do quão necessário é cuidar do meio ambiente, de como pequenas mudanças no nosso estilo de vida poderão contribuir para um bem maior que todos almejamos: uma vida sustentável no nosso planeta. Não deitamos lixo para o chão, fazemos a reciclagem, plantamos uma árvore, e, acima de tudo, acreditamos estar a fazer a nossa parte para contribuir para um desenvolvimento sustentável e um planeta melhor. No entanto, a ciência discorda. Ainda que uma mudança a nível de hábitos individuais seja louvável, por mais ínfima que seja, a verdade é que não é suficiente. Já em 2007, o mesmo relatório do IPCC veio apontar a extracção de recursos materiais, a queima de combustíveis fósseis (para sectores como transportes, produção de electricidade, manutenção de edifícios, indústria e habitação), a agro-pecuária e utilização de solos intensiva, e ainda incêndios e desflorestação como razões primordiais deste aumento de emissões sem precedentes. Na verdade, a espécie humana nunca presenciou condições semelhantes.

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