Fiel da Balança 2020

Face à falta de uma ação governamental a nível internacional que tenha em conta a complexidade e as várias dimensões da luta por justiça climática e contra as alterações climáticas, surge o movimento internacional Fridays for Future , e, inserida nesse contexto, há pouco mais de um ano atrás, Greve Climática Estudantil, em Portugal. Este é um movimento estudantil, político, apartidário e pacífico que começou com conversas de poucos e cresceu para trazer às ruas milhares de estudantes por todo o país nas greves climáticas. Enquanto estudantes, encontramo-nos numa posição diferente da do resto da sociedade civil e das gerações que nos antecedem. O nosso futuro está em risco e o choque e a urgência de resposta são assoberbantes. Os estudantes fazem greve, ao invés de apenas manifestações ou sensibilização, não só para romper com a normalidade, mas também para marcar uma posição. O facto é que esta disrupção nunca será maior ou mais grave do que o colapso climático e o que releva não é o ato intrínseco de fazer greve, e sim a consciencialização e mobilização das massas. Impulsionando eficazmente a crescente pressão política, esta ação legal e não violenta pretende que haja uma tomada de posição governamental para que a luta contra as alterações climáticas seja o primeiro ponto na agenda, para que se dê verdadeiramente prioridade à resolução da crise que não só ameaça o direito à vida mas também a própria continuidade da espécie humana. Reivindicando, acima de tudo, justiça climática em toda a sua dimensão, a Greve Climática Estudantil apresenta um Manifesto e exigências com o objetivo de que sejam tomadas medidas que permitam pôr em prática uma transição energética justa e transformativa e que esta mudança a nível sistémico inclua todos e todas num diálogo honesto, aberto e produtivo que honre os valores da nossa democracia. De uma coisa os estudantes que fazem greve pelo clima estão cientes: o clima sempre mudou e continuará a mudar. O planeta Terra existiu durante milhares de milhões de anos antes dos seres humanos e continuará a existir milhares de milhões de anos depois. O planeta não se interessa por nós, esse papel é nosso. Esse fardo de lutar pelo direito à vida, carregamo-lo sozinhos. Há que escolher fazer ouvir a nossa voz, mesmo que seja o último suspiro de uma espécie. A luta contra as alterações climáticas continuará e os estudantes estão onde sempre estiveram e deveriam estar: na vanguarda.

49

Made with FlippingBook Annual report