Quadrante 15

pode ser completamente ancorado, pode ser uma opinião informada. O exemplo que eu costumo dar é o seguinte: nós podemos olhar e falar sobre uma cadeira muito interessante, mas um marceneiro é capaz de explicar exactamente em que consiste o interesse daquela cadeira. Isto é o juízo subjectivo dele, mas ele tem uma opinião informada porque conhece o modo de construção do objecto; e este conhecimentopermite-lhefalarinformadamente. Há pessoas que têm a capacidade de fazer juízos artísticos e estéticos que são mais fundados do que os de outros, porque partem de um contacto muito mais longo e adorado, muito mais fino e continuado com aquele tipo de objectos. Este contacto permite fazer juízos com uma força extraordinária, porque, não obstante esta afirmação continuar a ser não-objectiva, pois não se pode dizer que naquele poema há algo objectivamente determinado, mas esse contacto tão preciso e intenso faz com que o seu juízo tenha uma força que os outros não conseguem ter. Isso demonstra-se quando alguém, nessa posição, faz um juízo sobre algum tipo de objecto de um autor e depois aparece um objecto desse autor que não se conhecia que vem corroborar exactamente o que se disse sobre aquela família de objectos. São casos raros em que há evidência depois do facto, em que aparece um texto que tem escrito aquilo que se tinha dito sobre o autor sem que houvesse evidência para o dizer. Então, isto acaba por tornar o juízo subjectivo, que eu tinha feito antes, em objectivo. O juízo subjectivo que se tinha feito teria continuado subjectivo se não tivesse surgido essa evidência depois do facto, mas isso raramente acontece. Portanto, há pessoas que fazem juízos subjectivos que têm uma força definidora extraordinária, mas que nunca poderão demonstrar de modo objectivo que isso é assim, mas a força do que dizem é extraordinária e é certa.

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Quadrante, 2023

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