Quadrante 14

Repensar a Universidade na crise das Humanidades

Ao olharmos para o plano de estudos de Medicina da Universidade de Coimbra no fim do século XIX, deparamo-nos com duas cadeiras que facilmente causariam estranheza ao mais desatento dos observadores contemporâneos. Encontravam-se assim o Latim e o Grego entre as cadeiras anuais do curso, leccionadas res- pectivamente ao longo do primeiro e segundo anos. Estas serviam de complemento aos típicos estudos de Fisiologia ou Anatomia. Uma análise mais cuidada permite-nos que a possível surpresa rapidamente se des - vaneça. Ou não fosse o legado da Grécia Antiga para a Medicina Ocidental por demais evidente. Os princípios que conduziram à desmistificação do tratamento de doenças foram primeiro ali propostos. Uma das mais óbvias consequências é o modo como ainda hoje três quartos dos ter - mos médicos têm origem grega. Note-se o caso da palavra ‘pandemia’. Um conhecimento bá- sico de Grego permite-nos compreendê-la en- quanto conjunção das palavras gregas pan (to-

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Quadrante,2021

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