Quadrante 14

estas optado por formar? É assim que a opção de formar um aluno cada vez mais ‘especializa- do,’ e cada vez menos capaz de reflectir de ma - neira universal sobre o mundo em que habita é um paradoxo face à ideia mesma de educação. Se a educação deverá servir para formar, antes de mais, uma pessoa, quereremos nós cidadãos perfeitamente adaptados à sociedade que vão encontrar ou, pelo contrário, cidadãos disponí - veis para explorar alternativas? A consequência mais dramática do redu - cionismo pelo qual as universidades têm opta - do é a forma como condenam os seus alunos a considerar a estruturação social que encontra - rão ao longo da sua vida como ‘inevitável’. Onde a contingência dos factores históricos e sociais

que determinam o nosso quotidiano deveriam ser mostrados como uma opção possível entre tantas outras, e por isso modificável, as uni - versidades preferem sugerir a adaptação como forma de também elas continuarem a garantir a sua sobrevivência no seio de um sistema da qual dependem. Nas palavras do filósofo fran - cês Bernard Stiegler, esta adaptação “conduz a nada mais do que a uma ausência de consciência que constitui ela mesma um renunciar da capa - cidade de decidir que é afinal possível pensar de outra maneira.” A inevitável consequência pa - rece ter de passar por um reposicionamento face à própria instituição universitária. Aliada, sim, mas de quem?

Bernardo Marques - Doutorando em Filosofia

José Maria Pardal – Engenharia Química (IST)

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Quadrante,2021

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