Quadrante 14

Antiga, começa a estreitar-se a relação entre a observação do Espaço e a Ciência, com a cons - trução dos primeiros sistemas planetários e dos primeiros dispositivos de cálculo de órbitas, que acabam por não ser alvo de grande desen - volvimento até ao final da Idade Média. Com o advento do Renascimento, surge uma revolu- ção protagonizada por Copérnico, que permi - tiu compreender melhor o lugar do nosso pla- neta no Universo, desde logo pela aceitação de um modelo heliocêntrico para o Sistema Solar. Para esta mudança de paradigma contribuíram também de forma inestimável figuras como Kepler, a quem se devem as leis fundamentais que regem a mecânica dos corpos celestes, Ga - lileu, que construiu o seu telescópio e observou pela primeira vez as luas de Júpiter e os anéis de Saturno, ou o incontornável Isaac Newton, que, com a publicação de Philosophiae Natura - lis Principia Mathematica (Princípios Matemá- ticos de Filosofia Natural), obra na qual expõe também os seus conhecimentos sobre Astro- nomia, abre portas pela primeira vez à então ainda muito remota possibilidade do embarque na exploração espacial. Não obstante a vontade latente de partir à descoberta do Cosmos, havia uma limitação evidente que bloqueava o avanço para além das fronteiras terrestres - a inexis - tência de um meio de transporte que o permi - tisse. Emfinais do século XIX, é Robert Goddart, um físico experimentalista americano, quem dá o grande pontapé de saída para a resolução deste problema com o lançamento do primeiro foguetão movido a combustível líquido. Já no início do século XX, o russo Tsiolkovsky avança com a hipótese de utilização de foguetões para explorar o espaço, desenvolvendo cálculos para aferir a velocidade necessária para estes esca- parem aos efeitos da gravidade terrestre. Poste- riormente, com a Segunda Guerra Mundial em curso, o alemão Hermann Oberth, impulsiona - do, segundo reza a História, pela leitura do ro - mance de Júlio Verne Da Terra à Lua, cimenta

também a sua posição de destaque no panorama da indústria Aeroespacial ao desenvolver pro- tótipos de foguetões e, inclusivamente, imagi - nando estações espaciais. Com o armistício, foi inaugurado o período da Guerra Fria, caracte- rizado pela acérrima rivalidade entre as duas principais potências emergentes, USA e URSS, e marcado pela contínua procura de superiori- zação de cada um dos lados face ao outro. Neste contexto, a famigerada Corrida ao Espaço en - quanto evidência de desenvolvimento científi - co, tecnológico e militar ganha forma e a explo - ração espacial, que até então era praticamente alimentada de forma exclusiva pela curiosidade científica, surge como forma de afirmação po - lítica e ideológica, sendo alvo de um investi - mento sem precedentes. É colocado o primei- ro satélite em órbita, logo depois o primeiro mamífero e fazem-se as primeiras expedições tripuladas. Dezenas de satélites são lançados, milhares de fotografias são tiradas, fazem-se as primeiras aterragens na Lua, que chega a ser pisada pelo Homem, sobrevoam-se vários pla- netas do Sistema Solar e fazem-se as primeiras coletas do solo de Marte. Embora o colapso da URSS tenha vindo a esmorecer o ritmo de con- quista do Espaço que se vinha a registar, várias foram as missões subsequentes a receber sig - nificativo destaque mediático, designadamente as que tiveram como principal objetivo aferir a existência de vida extraterrestre, e vários foram também os novos protagonistas a intromete- rem-se na tentativa de explorar por si próprios o Universo que nos rodeia, designadamente empresas privadas, como é o caso da SpaceX, a primeira a levar astronautas à Estação Espacial Internacional. Mais recentemente, em 2021, o mundo parou para testemunhar marcos que vieram desafiar as lógicas da exploração espacial. Num aparente desfile de vaidades cuja passadeira se estendeu desde a superfície da Terra até aos limites exte -

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Quadrante,2021

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