Quadrante 15

Padre João Sarmento, SJ

Como tanta gente que nasceu no final dos anos 80, onde ainda estávamos longe de ter todos os modelos recreativos que existem hoje, nem sequer tínhamos televisão. Portanto, todas as narrativas eram coisas muito presentes, de grande alegria, de muita dança também. Mas não havia ninguém propriamente ligado às artes visuais. Mais tarde, talvez pela vicissitude de ser muito mau aluno, de não conseguir estudar, fui descobrindo algum talento através daquela que é a ferramenta elementar das artes visuais: o desenho. Através do desenho, por volta do quarto ano escolar, dá-se um momento específico. Falo da minha primeira experiência de desenho à vista, na qual resolvi desenhar um prédio que estava diante da minha escola. O resultado foi elogiado, e esse troféu conduziu me a não parar de desenhar compulsivamente, desde então.

O homem é sempre indissociável do seu percurso. Para o conhecer, é necessário conhecera sua origem. Pergunto-lhe, por essa razão, de onde vem o Padre João Sarmento? Venho de uma família bastante grande, em termos numéricos de gente, de irmãos, de primos. O contexto familiar não era ligado directamente às artes, mas ligado às ciências, em concreto à medicina. De repente, numa formação com imenso espírito de criatividade, mais da parte da minha Mãe, que tinha as provocações para aguçar o engenho e ter imensos modos de contornar os problemas através de soluções muito criativas e lúdicas, na qual o imaginário estava muito presente no nosso modo de nos relacionarmos e passar o tempo. Cresci num ambiente em que havia um incentivo à fantasia, estimulavam-nos a criar os nossos brinquedos, histórias e universos.

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Quadrante, 2023

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