Quadrante 15

artísticas? António: No início, o Coletivo tinha uma forma diferente de funcionar. Quem o pensava e fazia acontecer eram a Vera, o Francisco e a Beatriz Felício e os três saíram de Portugal com o final da Pandemia. Acho que acabou também por ser uma consequência de termos sido alunos da Escola Artística António Arroio: fomos sempre muito abertos a pensar as Artes como um conjunto; afinal, este é um mundo que consegue ser um pouco agressivo e onde temos de nos defender e este acabou por ser o nosso mecanismo de defesa. Xavier: Desde as Zaratan Sessions que o Coletivo queria crescer e a Vera — fotógrafa — também queria expor o seu trabalho. Isso fez com que, com ela, nos virássemos para outros caminhos. O mundo das Artes é uma rede gigantesca em que todos precisamos uns dos outros e não é justo os músicos só darem plataforma a outros músicos. Da pouca experiência que temos, por exemplo, enquanto Península — que tem um ano de projeto — fizemos já várias colaborações com outras áreas artísticas, basta pensar no designer que nos faz as capas. O que vos influenciou a escolher seguir uma carreira na música? Sentem que a escola vos empurrou neste sentido? António: Quando eu fui para a Escola Artística António Arroio estavam a passar-se muitas coisas na minha família, foi também quando comecei a ganhar interesse pela música. Ver o meu avô doente a tocar piano despertou algo em mim. Antes até estava mais interessado em Cinema e ia comprar uma câmara mas acabei por comprar um baixo. A escola nunca me empurrou nesse sentido, antes pelo contrário, faltava-lhe dinâmica. Xavier: O programa musical da escola é horrível. A partir do momento em que compras um instrumento na papelaria está tudo estragado.

Quem são os Jacarandá? António: Neste momento somos um grupo artístico composto por sete pessoas: eu, o Xavier Lousada, o João Coelho e o António Santos (que fazem parte da banda Península), o designer João Vouga e a Matilde Bicudo, responsável pelas redes sociais. Como nasceu o Coletivo Artístico Jacarandá? António: O Coletivo começou durante a Pandemia quando a banda, da qual fazia parte, os Zaratan, ficou sem chão; tínhamos inclusive um álbum que acabou por nunca chegar a sair. Nessa altura conseguimos através da Vera Machado da Costa — que namorava com o Francisco Lomba, um dos membros — chegar ao dono do Village Underground e vimos a oportunidade não só de lá trabalhar esporadicamente mas ainda de fazer as Zaratan Sessions. O Village precisava de um novo evento que trouxesse público jovem e acabámos por lá ficar até Dezembro de 2020 quando chegou a segunda vaga de COVID-19. Quando saímos daquele espaço, a V e o F começaram a pensar no conceito do Coletivo. O objetivo foi, desde sempre, criar uma plataforma para artistas que não tinham essa capacidade: ajudá-los a crescer. O que são as Jacarandá Sessions? Xavier: As Jacarandá Sessions são jam sessions organizadas pelo nosso Coletivo que se distinguem das restantes por, no início de cada edição, podermos assistir ao concerto de um artista local com as suas peças originais, o que faz com que estejam sempre a aparecer novos núcleos trazidos por esse mesmo artista. Depois, são organizadas dez jams de sete minutos em que todos são convidados a vir tocar e a tocar qualquer estilo musical.

Inicialmente, o Coletivo estava mais ligado à música. Porquê expandi-lo para outras áreas

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Quadrante, 2023

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