Quadrante 14

Leviathan: 370 anos depois

Ao longo do último ano alguns velhos temas voltaram ao centro do debate público. Recordemo-nos dos primeiros meses de pan- demia, empleno período no qual a situação pan - démica se configurava como absoluta novidade, quando se sucederam os decretos de estado de emergência pelo mundo fora. Esta proliferação do estado de emergência como forma de conter a situação pandémica trouxe de volta os debates acerca do “estado de excepção” e da sua even - tual banalização. Ao mesmo tempo, o receio de que a pandemia obrigasse a um retrocesso do mundo globalizado face a um novo advento dos países fechados, de um retorno à velha sobe- rania nacional num mundo que parecia ser já ele mesmo pós-nacional, colocou os holofotes apontados para o debate sobre a ideia de sobe- rania. Estado de excepção e soberania – dois te - mas intrinsecamente ligados e que nos devem forçosamente levar ao seu fundamental e ori - ginal articulador, Thomas Hobbes. Com efeito, muitos foram os artigos, ensaios e peças jorna - lísticas que apregoaram o regresso do “mundo hobbesiano.”

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Quadrante,2021