Quadrante 14
uma pessoa esotérica, nem religiosa, mas quan - do olho a Natureza, o Universo, vejo uma ordem periódica que surge num caos infinito. É nessa ordem que se desenrola a vida. Se utilizarmos a matemática e a geometria fractal para entender o desenvolvimento da natureza – por exemplo, como cresce uma folha – há toda uma lógica, na qual estes instrumentos são apenas um binó - culo para uma observação defasada. Encontro nesta questão física, neste plano palpável, re - miniscências espirituais e transcendentes que me superam. Como tal, a minha obra tem esse pensamento, a matéria tem simultaneamente algo metafisico. Qual entendes ser o poder da palavra e do verbo na forma como te expressas, e como a pessoa se expressa em geral? As palavras caracterizam-se pela sua complexidade, isto por poderem adquirirem vários formatos: o físico (através das letras es- critas) ou o sonoro (compressão da atmosfera
em ondas que provocam um som). Todavia, em ambos os casos, o significado é o valor atribuído pela nossamente, que fará juízosmais oumenos individualizados – a origem do mal-entendido. A questão que se coloca é a ideia de que persiste sempre um desconhecimento perante as pala- vras, especialmente as inexploradas. Como re - feriste fora da entrevista, a noção de “dasein” do Heidegger - que eu desconhecia - desta for - ma, há uma sugestão para o sentido extraordi - nário da linguagem, pois assim que me fizeste a tradução substantiva, o seu sentido tornou-se imediato – mesmo que mal-entendido.
A importância das traduções…
Há dias ouvia o Podcast do CCB, Ciclo “O que é a Filosofia”, em que António Caeiro afirmava que “toda a tradução é uma traição”. Sintetiza a ideia da importância da tradução, ao se traduzir coopera-se, mas inadvertidamente engana-se (da direção inicial da palavra).
Energia, (2017). Vidro e esferas de metal. 17 x 9 x7 cm
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Quadrante,2021
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